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Cabelos

Cabelos, cabelos  em várias culturas...
Ponto de vista psicológico _O atendimento de Pedro uma criança que tinha grande atração por “cabelos” levou a psicóloga Marina Trench de Oliveira a investigar o tema. Foi realizado um apanhado da função dos cabelos do ponto de vista anatômico, biológico e etológico,ela concluiu que ele tem uma função protetora e constituem a pré-concepção de um objeto que nos contém e mantém seguros. O fato de se prestarem a ser utilizados como defesa contra diferentes tipos de angústia encontra expressão nos hábitos e costumes dos povos, em diferentes épocas, em seus mitos e contos. Os cabelos surgem também com freqüência nas situações clínicas, e a ela aponta seu uso para fazer frente às angústias de separação, sua manipulação como defesa contra angústias, a alopecia como expressão do medo da perda do objeto de amor e como expressão de defesa contra o risco de se tornar “não-ser”.
O cabelo é a manifestação física de nossos pensamentos e uma extensão de nós mesmos, O mesmo acontece com os pensamentos da Mãe Terra , podemos ver o crescimento constante de seu cabelo, a "grama" (Ervas); O mesmo que desde os tempos antigos foi usado pelos povos indígenas para fins rituais e medicinais. Eles usaram o cabelo da terra para fins cerimoniais de cura física e espiritual ou rituais que consideram sagrado.
Nosso cabelo é a extensão física de nossos pensamentos, nos dá a direção ao longo de nossas vidascada um de nossos cabelos nos representasão pontos de conexão forte tanto do nosso corpo como de nosso espírito segundo os povos indígenas. Em todos os povos da terra existem histórias ou lendas onde o cabelo desempenha um papel crucial no destino dos personagens, por exemplo, aquelas histórias que contam de bruxas e bruxos que fazem uso do cabelo de uma pessoa para lhe causar um mal, mas não é o cabelo em si que usam para esse propósito, mas as emoções dentro de si.

 História_Em muitos países do mundo, homens e mulheres sábios mantinham os cabelos longos, ao passo que nos lugares onde se apresentava tirania, em qualquer das suas formas o cabelo curto era obrigatório, e juntamente com outros fatores culminou na derrota espiritual e física das pessoas.

O fato de continuarem a crescer mesmo depois da morte do indivíduo favorece o surgimento de fantasias de mortos que se levantam do túmulo para atacar os vivos. Por isso muitos povos acreditam que os cabelos e as unhas continuam relacionados ao indivíduo mesmo depois de cortados; por isso, são considerados tabu, não devendo ser cortados nem jogados foraNa quimbanda podem ser utilizados para a realização de atos de bruxaria.

O cabelo tem sua própria linguagem e caráter, e o jeito como é penteado é extremamente importante para quem o carregaa linha reta no meio representa o alinhamento do pensamento. A trança significa a unidade do pensamento com o coração, o cabelo significa "segurança", e o cabelo puxado "convicção"Embora as pessoas atualmente penteiam seus cabelos sem  saber o significado de suas ações, o estilo em que se usam o cabelo é importantedeixando de lado a vaidade ou a praticidade, a maneira como  usamos seu cabelo afeta diretamente o nosso estado de humor.

Para a comunidade Africana a maneira como você usa seu cabelo representado muitas outras coisas: O penteado em forma de trança como ele era feito servia como um mapa, tinham orientações que ajudavam a fazer estradas (caminhos). Por exemplo, em Cartagena das Indias, onde escravos fugiram e criaram a Palenque, (uma região da Colômbia) agora conhecido como San Basilio de Palenque, as mulheres usavam o cabelo para fazer mapas, mapear e assim lembravam das estradas sem que escravizador soubesse ou pudesse entender. Como as mulheres e as meninas não eram tão controladas, poderiam as vezes seguir o caminho (fugir) escondidas de seus "mestres"Tranças também foram usados para esconder grãos de milhos, eles tiravam das plantações sem que ninguém visse e guardava-aspara cultivá-las depois para eles mesmosPor estas razões a trança é mais do que comodidade ou estéticamas tem um simbolismo forte sobre a identidade Africana. Cabelos black power foram utilizados como afirmação da negritude; já o “tererê”, enfeite colorido entremeado aos cabelos, tem uma conotação de retorno às origens.

Para muitos povoso primeiro corte dos cabelos é ocasião de importante cerimônia para proteger contra os maus espíritos. Entre os incas, o primeiro corte de um príncipe herdeiro ocorria quando ele completava dois anos. O futuro rei recebia seu nome definitivo e se tornava uma pessoa; perdia os cabelos ligados à vida pré-natal, dissociando sua força vital da de sua mãe, o que era confirmado pelo desmame. O corte dos cabelos simbolizava a cesura do nascimento psíquico, o rompimento do estado simbiótico da primeira infância, permitindo que se alcançasse a individuação e uma identidade própria.

Muito freqüentemente encontramos a fantasia de “lindos cabelos” como idênticos à capacidade de atração, situação na qual quem atrai detém o poder, já que faz aflorar o desejo do outro. A idéia de provocação sexual ligada à cabeleira feminina – desejo e sensualidade tomados como pecado – está na origem, na tradição cristã, do fato de as mulheres não poderem entrar na igreja de cabeça descoberta(o cabelo seria o véu, sem o qual não entrariam ali) e, na tradição muçulmana, de não poderem se apresentar assim em público; entre os judeus ortodoxos, a partir do casamento elas não se apresentam com os cabelos à mostra, passando a usar perucas ao sair. Também entre eles, para os meninosos cachos laterais (o peiot) são mantidos sem nenhum corte, assim comoposteriormentea barba.

Associada à idéia de cabelos = virilidade, vem a do corte dos cabelos como emasculação, mutilação
humilhação. Isso é encontrado na história bíblica de Sansãona China e entre alguns índios da América do Norte. Em todo o mundo a entrada para o estado monástico inclui o corte dos cabelos como
sinônimo de renúncia e sacrifício. Uma variante é o uso da tonsura pelos clérigos. No caso de criminososcabelos cortados rente marcam a humilhação, publicam o delito e expõem socialmente a pessoa. Criminosos e loucos tinham os cabelos raspados quando recolhidos às instituições, como forma de tirar-lhes a identidade.

Nossos índios do Xingu raspam os pêlos do corpo, incluindo as sobrancelhas, desde muito cedo, para não parecerem macacos, mas os cabelos são considerados sensuais. Quando ocorre a morte de alguém muito próximo, as mulheres os cortam, expressando assim como essa perda as mutilou. Entre os carajás, a duração do luto será determinada pelo crescimento dos cabelos.

Adentrando no pensamento dos povos indígenas entendemos que a maneira como se usa o estilo de cabelo é muito importante, pois desta forma eram descritos e anunciavam a participação em diversos eventos: o casamento ou a guerra, alegria ou tristeza. Através do cabelo e dos cocares que usavam poderia se saber sobre a maturidade das pessoas, seu status na sociedade, e dos tempos de paz e de guerra.

Os penteados eram como as estações do ano, às vezes mudavam em ocasiões públicas, privadas e cerimoniais. O cabelo representa os pensamentos e o estado espiritual do indivíduo, mostrando os vínculos e a unidade espiritual de sua famíliadefinindo a harmonia cultural e alinhamento espiritual de sua comunidade.

O cabelo representavam os estados da natureza... em linha reta, fluindo como as cachoeiras ou fossem ondulados como as águas do rioAs crianças indígenas eram ensinadas a lavar e enxaguar o seu cabelo. Cuidar do seu cabelo era tão importante quanto a manutenção de sua saúde física e espiritual,  e também eram ensinadas a criar penteados para rituais , utilizando madeira, ossos, penas ou pedras como cocares.

As mulheres indígenas dos povos nativos do norte da Europa, penteavam-se usando como pente um osso da cauda do porco-espinho colocado em um cabo de madeira e segurado por pequenas tiras de couro trançadoElas acreditavam que pentear os cabelos diariamente dava fluidez às suas emoções e pensamentos.

Para os povos indígenas o cortar o cabelo não só representava o corte da corrente do seu pensamento , mas em alguns casos, uma desgraça.(!) Um guerreiro com seu cabelo cortado em uma batalha não teria lugar no seio dos seus antepassados, pois não teria alma, nem recordações (memórias) nem coração (emoção).(!) Automaticamente se tornaria um espírito cinzento preso entre dois mundos. Nos ensinamentos de muitas tribos indígenas o corte do cabelo representa um processo de luto ou proximidade com a morte. O cabelo era um elemento místico em todos eles. Não permitiam que ninguém tocasse em seu cabelo sem sua permissão.

O cabelo que caia, ou quebrava ou que se acumulava no pente era recolhido e guardado dentro de um saco. Ao chegar a lua cheia as mulheres se reuniam em uma cerimônia e ofereciam o registro de seus sentimentos e idéias acumuladas no cabelo que caiu, aos espíritos do fogo, terra e ar para que fossem abençoados. Depois os cabelos ofertados eram colocadas no fogo sagrado e os pensamentos e emoções de cada uma delas elevavam-se junto com suas orações em meio à fumaça e vento para chegar à lua.

Entre os povos astecas algumas mulheres usavam a cabeça raspada até a metadeoutras usavam um penteado trançado para cimaenquanto as pontas de suas tranças eram como pequenos chifres salientes na testa, apenas prostitutas usavam o cabelo solto, e usavam lama e xiuhquílitl para escurecê-los. Exceto para elas e os distintos povos indígenas do México a cor e o número de fitas que usavam em suas tranças representavam se eram solteiras ou casadas.

Os homens embora e dependendo da sua idade e profissão podiam usá-lo de diferentes formas: Homens que serviram na guerra usavam o cabelo longo por cima do ombro com uma franja na frente, o guerreiro, dependendo do seu grau, usava arranjo distintivo em forma de cocar. Do nascimento aos oito ou nove anos usavam o cabelo curto, ao completar dez anos de idade era deixado  crescer um tufo (mecha) de cabelo na nuca chamado mocuexpaltia.

Alcançando a adolescência seu cabelo era longo e se nessa idade fossem capaz de capturar um inimigosozinho ou na companhia de alguém, ele cortavam esse tufo (mecha) para simbolizar a sua realizaçãoEra permitido deixar crescer uma mecha sobre as têmporas que com o tempo cobria a orelhaE dependendo do número de cativos que haviam feitos (capturados)recompensavam-o  com diferentes enfeites que demonstravam o seu poder e coragem.

 Nos dias de hoje_ A palavra “têmpora” está associada a “tempo” e indica a região da cabeça onde geralmente aparecem os primeiros cabelos brancos, que mostram que o tempo passou; sinal de aproximação da morteprecisam ser rapidamente pintados para ocultar este horror: “Somos mortais!” Quando olhamos à nossa volta, damo-nos conta de uma quantidade imensa de produtos para cabelosde tipos de escovas, pentes e técnicas, conforme o que se deseje obter. O número de pessoas que se submete a isso tudo não é nada pequeno e o tempo despendido, enorme, medida da importância que os cabelos têm para nossa economia psíquica.

O corte e a disposição da cabeleira demarcam a personalidadea função social ou uma mudança no tipo de vida. É também algo civilizatório: cabelos e crianças não podem crescer desordenadamente, precisam ser “cortados” para que ganhem “forma”.

Para as pessoas submetidas à quimioterapia, a perda dos cabelos é muito difícil de ser aceita; à conscientização da perda da vitalidade soma-se a sensação de humilhação e exposição.

Cabelos desgrenhados estão associados ao luto, como expressão de dor e desespero, e nos rituais das lojas das sociedades secretas, à não submissão às regras sociaisEntre os hippiese hoje neo-hipppies, se bem que nem sei se eles existem, os cabelos desalinhados eram (são) um sinal de liberdade e de não aceitação dos valores vigentes.

Entre as jovens de hojegeralmente os cabelos são mantidos longos, tratados, coloridos. Observamos, no entanto, que quando se casam, e principalmente quando têm filhos, elas os cortam, abrindo mão desse “poder”dessa representação de onipotência e bissexualidade. Ao se tornarem capazes de serem mulheres e mães, com limitações e possibilidades reais, os longos cabelos perdem o sentido, passando a ser vistos como '“dando trabalho demais'”.

 Concluindo_Como podemos vero cabelo era de suma importância para os povos indígenas, por muitas razões, e embora essas práticas hoje em dia tenham desaparecido quase que completamentenunca é tarde  para voltar a aprender e re-apreender tudo aquilo que nossos ancestrais nos tem ensinado... Ao entrar num salão de beleza, algumas pessoas estão curvadas, cabisbaixas, silenciosas, deprimidas. Conforme seus cabelos vão sendo cortados, a postura vai se alterando: levantam o corpo e a cabeçasorriem para a imagem no espelho e para a cabeleireira. Os cabelos, tendo crescido, perderam o formato; com isso a pessoa sente que perdeu a beleza, a identidade. Com o novo corte, restabelece-se o contorno que marca os limites, restaura-se a pele psíquica, ela se recupera, se re-encontra. Sim, principalmente para as mulheres os cabelos tem crucial importância. Se sentem  seguras e femininas. Para as mulheres, cabelo é poder.

Fontes: Revista Brasileira de Psicanálise, blog La Pinche Canela e blog Alma Antiga, pela tradução do texto da segunda fonte, embora o texto esteja mesclado com a trechos da primeira fonte... Porém creio ser correto creditar, sempre, em respeito as pessoas que pesquisaram e à menina que fez a tradução.

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